Reunião mediúnica de desobsessão é das tarefas mais sérias na Doutrina – requisita muita disciplina e idealismo da parte de todos os seus integrantes!
Não é atividade para satisfazer a curiosidade daqueles que a constituem. Trata-se de serviço de enfermagem espiritual dos mais importantes, beneficiando encarnados e desencarnados.
Por assim dizer, é uma terapia em grupo, na qual muitos dramas relacionados com o pretérito são deslindados ou, pelo menos, começam a se deslindar.
A referida reunião, pois, deve deixar de ser encarada como uma aventura ou oportunidade para que médiuns e dirigentes façam qualquer exibicionismo de natureza personalista.
Não é fácil para os Espíritos Amigos se mobilizarem a fim de conduzir ao ambiente da reunião os desencarnados, carentes desse contato mais estreito com as impressões e reminiscências físicas – muitos deles, com o propósito de auxiliar os que se encontram fora do corpo, sem terem maior consciência do fenômeno da própria desencarnação, quase necessitam se materializar.
Reunião mediúnica improdutiva é de responsabilidade de todos os que a integram, mormente de seu dirigente, que, às vezes, não consegue manter o grupo coeso e motivado para o trabalho.
O médium inconstante em semelhante labor prejudica o rendimento de toda a equipe e deve ser fraternalmente advertido por quem permanece com a responsabilidade de dirigi-lo.
Outra coisa: a reunião mediúnica de desobsessão não é para atender interesses particulares deste ou daquele, como, por exemplo, evocar a presença de supostos espíritos que lhe estejam causando prejuízo – a ele ou à sua família, seja em casa ou nos negócios.
A comunicação mediúnica, tanto quanto possível, deve ocorrer de maneira espontânea e não provocada. Mas, por outro lado, através da oração silenciosa, ninguém é proibido de rogar a intercessão do Alto em benefício de algum problema espiritual que, direta ou indiretamente, esteja atravessando.
Não raro, o diálogo esclarecedor com uma única entidade comunicante beneficia muitas outras – por este motivo, o médium interlocutor (aquele que é chamado a dialogar com os espíritos manifestantes) necessita estar imbuído de muito amor, não apenas de conhecimento. Afinal, doutrinação mediúnica não é torneio doutrinário!
De minha parte, digo-lhes que, estagiando no corpo carnal, depois do livro espírita, a reunião mediúnica de desobsessão foi o que mais me ensinou – mais até que a Psiquiatria! – sobre a verdadeira natureza do ser humano. Tal atividade – eu assim a considero – é um curso avançado de autoconhecimento!
Muita gente me pergunta se eu sou contra a Apometria. Não, não sou. “Quem conosco ajunta, não espalha.” Tampouco considero a Apometria tarefa antidoutrinária. Tudo que exalta a crença na imortalidade da alma e, consequentemente, se opõe ao materialismo degradante, deve merecer nosso respeito. No caso da Apometria, a única ressalva que faço é que nós não estamos conseguindo, nos centros espíritas, fazer nem “o arroz com feijão” – em outras palavras: a tarefa mediúnica tradicional, pura e simples! Por este motivo, considero uma temeridade nos arriscarmos em atividades mais complexas, que naturalmente exigem maior disciplina e comprometimento. Quem não consegue o fácil, não deve se lançar ao difícil.
No mais, fica a recomendação: estudem um livrinho de André Luiz que anda meio esquecido de vocês aí, na Terra: “Desobsessão”!
Um abraço.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba - MG, 1º de junho de