quinta-feira, 16 de setembro de 2010

REUNIÃO MEDIÚNICA



Reunião mediúnica de desobsessão é das tarefas mais sérias na Doutrina – requisita muita disciplina e idealismo da parte de todos os seus integrantes!
Não é atividade para satisfazer a curiosidade daqueles que a constituem. Trata-se de serviço de enfermagem espiritual dos mais importantes, beneficiando encarnados e desencarnados.
Por assim dizer, é uma terapia em grupo, na qual muitos dramas relacionados com o pretérito são deslindados ou, pelo menos, começam a se deslindar.
A referida reunião, pois, deve deixar de ser encarada como uma aventura ou oportunidade para que médiuns e dirigentes façam qualquer exibicionismo de natureza personalista.
Não é fácil para os Espíritos Amigos se mobilizarem a fim de conduzir ao ambiente da reunião os desencarnados, carentes desse contato mais estreito com as impressões e reminiscências físicas – muitos deles, com o propósito de auxiliar os que se encontram fora do corpo, sem terem maior consciência do fenômeno da própria desencarnação, quase necessitam se materializar.
Reunião mediúnica improdutiva é de responsabilidade de todos os que a integram, mormente de seu dirigente, que, às vezes, não consegue manter o grupo coeso e motivado para o trabalho.
O médium inconstante em semelhante labor prejudica o rendimento de toda a equipe e deve ser fraternalmente advertido por quem permanece com a responsabilidade de dirigi-lo.
Outra coisa: a reunião mediúnica de desobsessão não é para atender interesses particulares deste ou daquele, como, por exemplo, evocar a presença de supostos espíritos que lhe estejam causando prejuízo – a ele ou à sua família, seja em casa ou nos negócios.
A comunicação mediúnica, tanto quanto possível, deve ocorrer de maneira espontânea e não provocada. Mas, por outro lado, através da oração silenciosa, ninguém é proibido de rogar a intercessão do Alto em benefício de algum problema espiritual que, direta ou indiretamente, esteja atravessando.
Não raro, o diálogo esclarecedor com uma única entidade comunicante beneficia muitas outras – por este motivo, o médium interlocutor (aquele que é chamado a dialogar com os espíritos manifestantes) necessita estar imbuído de muito amor, não apenas de conhecimento. Afinal, doutrinação mediúnica não é torneio doutrinário!
De minha parte, digo-lhes que, estagiando no corpo carnal, depois do livro espírita, a reunião mediúnica de desobsessão foi o que mais me ensinou – mais até que a Psiquiatria! – sobre a verdadeira natureza do ser humano. Tal atividade – eu assim a considero – é um curso avançado de autoconhecimento!
Muita gente me pergunta se eu sou contra a Apometria. Não, não sou. “Quem conosco ajunta, não espalha.” Tampouco considero a Apometria tarefa antidoutrinária. Tudo que exalta a crença na imortalidade da alma e, consequentemente, se opõe ao materialismo degradante, deve merecer nosso respeito. No caso da Apometria, a única ressalva que faço é que nós não estamos conseguindo, nos centros espíritas, fazer nem “o arroz com feijão” – em outras palavras: a tarefa mediúnica tradicional, pura e simples! Por este motivo, considero uma temeridade nos arriscarmos em atividades mais complexas, que naturalmente exigem maior disciplina e comprometimento. Quem não consegue o fácil, não deve se lançar ao difícil.
No mais, fica a recomendação: estudem um livrinho de André Luiz que anda meio esquecido de vocês aí, na Terra: “Desobsessão”!
Um abraço.
INÁCIO FERREIRA
Uberaba - MG, 1º de junho de

APENAS PARA MEDITAR



O estudioso do Espiritismo não ignora que foram os espíritos “batedores”, considerados dos últimos na Escala Espírita, que abriram caminho para que os fenômenos fossem estudados, ensejando a codificação da Doutrina.
No livro “Seara dos Médiuns”, à página intitulada “Aviso, Chegada e Entendimento”, Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, escreve com beleza ímpar: “Em 1848, no vilarejo de Hydesville, inicia-se publicamente a chegada dos comandos da sobrevivência.
“Os emissários desencarnados, quais familiares há muito tempo ausentes da própria casa, alcançam a moradia terrestre, batendo freneticamente à porta”.
Estudando a biografia do abençoado medianeiro de Emmanuel, notamos que a sua conversão ao Espiritismo, ocorrida em 1927, deu-se por conta do processo obsessivo que acometeu uma das irmãs, Maria da Conceição Xavier.
Quantos outros tarefeiros do Bem e da Verdade, em diferentes épocas, não têm sido chamados ao labor por “providenciais” ingerências do mundo espiritual inferior?
Maria Modesto Cravo, médium portadora de excelentes faculdades, chegou à cidade de Sacramento, Estado de Minas Gerais, à procura do apóstolo Eurípedes Barsanulfo, assediada por espíritos que lhe subtraiam a saúde e a paz.
Yvonne do Amaral Pereira, a inesquecível co-autora de “Memórias de um Suicida”, fala das perturbações que, desde Lavras, sua terra natal, também em Minas Gerais, experimentava por ação das entidades espirituais que desejam induzi-la a colocar termo à própria vida.
Zilda Gama, a extraordinária médium de Victor Hugo, foi chamada ao exercício da mediunidade devido a doloroso calvário particular que lhe fora infligido pela ação de espíritos infelizes que, por pouco, não lhe comprometem a encarnação.
* * *
Onde a luz principia a brilhar é comum o adensar das trevas ao redor, no intuito de ofuscá-la. Não obstante, por mais se compactem, não mais logram que lhe destacar o esplendor!
Mas também assim nos referimos, nesta página, porque, muitas vezes, nos deparamos com certo preconceito entre os adeptos do Espiritismo em relação a espíritos que, em nome do Cristo, labutam fora de nossos arraiais doutrinários.
Particularmente – digo-lhes –, desde quando no corpo físico, fiquei a dever inestimáveis favores a seres desencarnados que, pela sua modéstia intelectual, sempre receberam o rótulo de “entidades inferiores” – em um sem-número de ocasiões, foram esses irmãos ligados às seitas afro-brasileiras que me valeram na lida contra ferrenhos e cultos perseguidores do Mais Além!
Recordo-me que, certa vez, ao se referir a determinadas atividades que são levadas a efeito nas salas de passes, nos centros espíritas, Chico Xavier destacou o ignorado trabalho das entidades encarregadas dos serviços que não competem a outras de maior elevação. Ele mesmo afirmava se valer, com relativa frequência, dos préstimos dos chamados “elementais”, quando, por exemplo, necessitava localizar um objeto ou uma página mediúnica perdida entre tantos papéis acumulados.
Antes, pois, de qualquer manifestação preconceituosa de nossa parte, no que diz respeito a nossos irmãos desencarnados de primária evolução espiritual, não olvidemos que foi a um dos habitantes mais singelos do mundo espiritual – um espírito “batedor” – que o Espírito da Verdade confiou uma das tarefas mais relevantes para que a História do Espiritismo começasse a se escrever sobre a Terra!
INÁCIO FERREIRA
Uberaba - MG, 29 de junho de 2010.



Escrito por Dr. Inácio Ferreira às 05h27